O NOW a plataforma mais rica de conteúdo e lançamentos da NET Campo Grande traz neste mês de abril de 2019 o filme: Detona Ralph que faz parte da nova Disney. No seu primeiro filme, Ralph e o mundo dos games serviram de metáfora para explorar como a “programação”, de um um jogo ou da sociedade, pode ser limitadora e frustrante. Agora, em WiFi Ralph: Quebrando a Internet, os diretores Phil Johnston e Rich Moore usam o universo online para falar de velhos comportamentos e relações tóxicas.
Em busca de um volante para consertar o jogo de Vanellope, Ralph e a princesa corredora expandem seus horizontes, deixando de lado as referências a games para tornar concretos conceitos como motores de busca, leilões online, spams, pop-ups, memes, entre outros. Nesse cenário, a animação passa a analisar a relação de Ralph e Vanellope e as relações digitais como um todo, da viralização de vídeos, fotos e piadas aos haters nas redes sociais.
Enquanto é bem-sucedida em captar esses hábitos de consumo de conteúdo, incluindo a procrastinação que leva ao compartilhamento de memes e a testes de personalidade inúteis durante o expediente, a animação perde a mão na amizade dos seus protagonistas. De um lado, Vanellope cresce e tem encontros memoráveis com princesas da Disney e corredoras lendárias, no outro, Ralph é apenas chato. É uma dinâmica criada para levar a grande lição do longa – amar é diferente de controlar -, mas que prejudica o ritmo da narrativa. Aos poucos ele se torna descartável, constantemente interrompendo o aprendizado de Vanellope.
Ainda que seja interessante e necessária, a discussão pretendida pelo filme se sobrepõe à jornada dos personagens e a trama se torna muitas vezes maçante. Ralph volta a ser vilão, de certa forma, pela necessidade da “moral da história”, o que além de tirar o peso do arco do personagem no primeiro longa, não colabora para o seu crescimento nesse. Sim, ele aprende uma lição, mas se tivesse ficado offline provavelmente teria continuado na mesma.
Assim, da mesma forma que os animadores engenhosamente transformam sites e aplicativos em ambientes e personagens, Ralph se torna a personificação de um velho público, que se sente abandonado pela evolução de certos conceitos – como o das princesas que não precisam ser salvas. É, como dito antes, um debate relevante, mas feito em detrimento do personagem-título, que está lá apenas para servir de exemplo. Nessa troca do subtexto pela mensagem descarada, WiFi Ralph: Quebrando a Internet se divide: é apaixonante em alguns momentos, entediante em outros. Ainda é um bom exemplo do poder narrativo da nova geração dos estúdios Disney, mas a “magia”, nesse caso, ficou em segundo plano.